Desde que aconteceu a tragédia no Meco, onde 6 estudantes da Universidade Lusófona morreram, a praxe tem sido um tema muito badalado.
Ora bem, eu não tenho problemas com a praxe, a não ser quando o que é suposto serem atividades de integração e divertimento passam a ser verdadeiros rituais tribais de humilhação.
A praxe é muito diferente dentro das diversas universidades e faculdades, por isso julgar uma por todos não é correto.
Eu participei na praxe, mas não sou praxista. Quis ter essa experiência, fui caloira e doutora. Nunca me pediram para fazer algo em praxe que eu achasse humilhante, nunca fui obrigada a nada. Diverti-me, ri-me! Lembro-me de uma situação particular em que uma doutora me faltou ao respeito de uma maneira que me deixou desconfortável. Disse-lhe que não estava ali para isso e virei costas. Saí da praxe nesse dia, mas no seguinte estava de volta. Era caloira, era tudo novo, mas sabia que não ia deixar que abusassem desse meu estatuto.
Para mim a praxe ficou no meu ano de caloira, após isso, já doutora, poucas vezes fui à praxe, nunca fui muito assídua às atividades. Mas gosto das serenatas e dos encontros de tunas. Gosto da tradição académica, da simbologia do traje, das insígnias. O meu curso dura 6 anos, é grande, acho que dou mais valor por esse motivo.
Vejo muitos colegas que só vivem para a praxe, que têm a sua confiança por causa dela, usam-na para alimentar o seu ego. Sinceramente, tenho pena deles.
Como disse, as praxes são todas diferentes. Talvez a praxe da minha faculdade não seja muito dura, pelo menos não é como o que se tem visto na televisão. Era incapaz de me sujeitar a tal coisa.
Na verdade, há abusos, há exageros, toda a gente sabe isso. O argumento de que cada um só faz o que quer e que ninguém o obriga a nada nem sempre é válido, a pressão de pares existe. Para alguém que acabou de entrar na faculdade, não conhece ninguém e que não é muito confiante vai ser difícil dizer que não quando um grupo de morcegos o rodeia e lhe grita ao ouvido.
Há praxe boa e há praxe má. A meu ver cada um deve ser responsabilizado pelos seus atos, tanto o praxado como o praxista.